13 de maio
Conheça a história
Passado mais de um século após a aparição da mãe de Jesus aos três pastores em Portugal, em 1917, a Igreja Católica já tornou público o conteúdo das três grandes mensagens reveladas às crianças Lúcia, Jacinta e Francisco em seis aparições, entre os meses de maio de 2017 e outubro do mesmo ano. Mas o teor delas ainda continua despertando curiosidade sobre o realmente teria sido revelado pela santa na aparição. A terceira parte do segredo, a que mais demorou para ser revelada, foi mostrada aos pastorinhos em 13 de julho de 1917 na Cova da Iria, na cidade de Fátima.
Das três crianças que viram a “senhora mais brilhante que o sol”, Lúcia, com 10 anos, foi a única que sobreviveu até a velhice. Foi ela que passou por escrito o que teria sido mostrado por Maria. Francisco e Jacinta morreram ainda pequenos, ele com 10 anos, em 1919, e ela com 9, em 1920. Ambos foram vítimas da epidemia de gripe espanhola que assolou o mundo em 2018.
Dedicada à vida religiosa, Lúcia transcreveu tudo o que sabia dos segredos sob a ordem da Igreja. O primeiro deles seria uma visão do inferno. O segundo, um pedido ao culto ao imaculado coração de Maria e à conversão da Rússia, em guerra no momento. A negação poderia levar a novo grande combate, que foi a Segunda Guerra Mundial.
“As aparições em Fátima aconteceram em uma época difícil, a da Primeira Guerra Mundial. São manifestações privadas e, de um modo geral, podemos dizer que todas as aparições de Maria se dão em um momento difícil da história, da humanidade. São manifestações aos pobres, aos pequenos, aos sofridos”, explicou padre Lucas, da paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Viçosa. Ele também disse que Lúcia ainda recebeu mais uma aparição, após a morte dos irmãos, já na fase adulta.
Último recado
A terceira mensagem, porém, a já irmã Lúcia pediu que só fosse revelada após 1960. A Igreja Católica, então, só mostrou o conteúdo no ano 2000. À época, o papa João Paulo II enviou a Portugal o secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, dom Tarcisio Bertone, para ouvir Lúcia sobre a interpretação do segredo e perguntou à irmã por que 1960 foi o ano escolhido para abrir o envelope.
Irmã Lúcia, então respondeu: “Não foi Nossa Senhora (quem pediu essa data). Fui eu que coloquei a data de 1960, porque, segundo intuição minha, antes de 1960 não se perceberia. Eu escrevi o que vi; não compete a mim a interpretação, mas ao papa”, disse.
A mensagem foi interpretada como o atentado que papa sofreu em 13 de maio de 1981, data em que se comemoraram 64 anos da primeira aparição. Para a Santa Sé, não há dúvidas que o bispo vestido de branco, seguido de outros religiosos, subindo uma montanha escabrosa, entre ruínas, era João Paulo II. Desde então, a coroa de Nossa Senhora de Fátima ganhou a imagem da bala que atingiu o papa, como lembrança do milagre que teria acontecido.
“Quem estava à espera de impressionantes revelações apocalípticas sobre o fim do mundo ou sobre o futuro desenrolar da história, deve ficar desiludido. Fátima não oferece tais satisfações à nossa curiosidade, como, aliás, a fé cristã em geral, que não pretende nem pode ser alimento para a nossa curiosidade. O que permanece é a exortação à oração como caminho para a salvação das almas, e no mesmo sentido o apelo à penitência e à conversão”, disse o agora papa emérito Bento XVI, à época prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Segundo o bispo dom Geovane, se for levado em consideração todo o contexto das aparições, as mensagens de Nossa Senhora em Fátima são calorosas, e não devem ser interpretadas de outra maneira. “ O eixo central da mensagem da nossa senhora em Fátima é conversão, é mudança de vida, e se fosse algo ruim o Evangelho não pedira isso. A conversão é um caminho de conversão e de felicidade”, disse.
Fatos marcantes do encontro de Maria com os pastorinhos
Anjo
Em 1916, um ano antes das aparições da santa, as crianças Lúcia, Jacinta e Francisco teriam vislumbrado um anjo enquanto pastoreavam ovelhas na cidade de Fátima, em Portugal. As visitas do anjo eram para ensinar a elas orações à Maria. O mensageiro também indicou que no dia 13 de maio, do ano seguinte, elas deveriam voltar a esse mesmo lugar.
Retorno
Em 13 de maio de 1917, os pastorinhos foram ao local indicado e viram a “mais brilhante que o Sol”. Ao se aproximarem, Maria teria lhes dito que deveriam orar pelo mundo e voltar sempre no dia 13. Em um dos encontros, durante seis meses, as crianças acabaram presas e proibidas de ir ao local, só conseguindo dias mais tarde. Na última aparição, os três foram acompanhados por uma multidão.
Milagre do Sol
Em 13 de outubro, cerca de 50 mil romeiros foram ao local acompanhar a aparição em Fátima. Choveu muito, mas, em seguida, apareceu no céu um globo luminoso que girava sobre si mesmo e até mesmo um arco-íris. Muitos relataram curas durante esse fenômeno. Ao fim dele, as pessoas estavam completamente secas, apesar da chuva que precedeu a aparição. Só as crianças, porém, teriam visto Maria.
Mensagens
Em cada um dos encontros, Maria mostrava as crianças imagens diferentes, interpretadas como mensagens. As duas primeiras seriam “A visão do inferno” e “O imaculado coração de Maria”, que descreviam a destruição das almas pecadoras e uma súplica à Rússia para que se convertesse à oração. A terceira mensagem seria sobre um bispo em perigo, que a Igreja interpretou como o atentado ao papa em 1981.
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